Atrite reumatoide: fatos sobre a doença

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A artrite reumatoide impede a realização de exercícios físicos

No passado, as pessoas com artrite reumatoide eram muito magras, pois acreditava-se que  os exercícios físicos provocavam  mais danos às articulações e atrofiavam ao músculos. Além disso, acreditava-se também que a inflamação crônica associada com a artrite reumatoide provocava perda de peso e perda de apetite.

“Hoje, sabemos que os medicamentos antiinflamatórios e os exercícios físicos fazem parte do tratamento, portanto, ter artrite não significa ter uma aparência franzina. Realizar o exercício físico pode ser difícil (se não impossível) durante uma crise, mas de modo geral, a atividade física geralmente ajuda no tratamento e não agrava o estado dos pacientes com a doença”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, (CRM-SP 60.377), diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares.

Fumar pode desencadear a doença

Fumar é o gatilho ambiental mais bem compreendido e pode desempenhar um papel importante em um terço dos casos graves de artrite reumatoide, incluindo mais de 50% dos diagnósticos da doença entre as pessoas que são geneticamente suscetíveis a ela.

“Os fumantes que têm uma variante genética conhecida como epítopo compartilhado têm um risco dez vezes maior de desenvolver artrite. Nós sabemos que fumar provoca doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer e muitas outras doenças, mas para alguns, a ligação entre o tabagismo e a artrite reumatoide é uma surpresa”, diz o reumatologista.

A artrite reumatoide risco varia segundo a geografia

Quanto mais longe da linha do Equador, maior é o risco de artrite reumatoide. Viver em uma latitude mais elevada no início da vida – entre 15-30 anos – parece ser mais arriscado do que em outros momentos.

“Em um estudo de 2010, realizado com cerca de 10.000 mulheres, o risco da doença foi maior para aquelas que viviam no nordeste e no centro-oeste dos Estados Unidos, em comparação com mulheres que viviam a oeste das Montanhas Rochosas. Os autores destacaram que o risco de artrite aumenta nas latitudes superiores devido à falta de luz solar bem como a outros fatores ambientais”, afirma Lanzotti.

A vitamina D pode estar ligada ao risco de desenvolver artrite

Um estudo de 2004 acompanhou mais de 29 mil mulheres e descobriu que aquelas com a menor ingestão de vitamina D apresentavam maior risco de desenvolver artrite.

“Não está provado que a vitamina desempenha um papel no aparecimento da doença. No entanto, o efeito protetor da vitamina D poderia explicar porque as pessoas que vivem em latitudes mais altas – recebendo menos luz solar e produzindo menos vitamina D, em geral – parecem estar em maior risco de desenvolver artrite reumatoide. Outras doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, também têm sido vinculadas a déficits de vitamina D”, conta o médico.

A poluição provocada pelo excesso de tráfego pode desempenhar um papel importante

Partículas microscópicas geradas pela poluição podem ser inaladas profundamente pelos pulmões e podem estar relacionadas com a inflamação provocada pela artrite.

“Pesquisadores de Harvard realizaram um estudo em 2009 com mais de 90 mil mulheres norte-americanas para analisar a relação entre artrite e poluição do tráfego. Eles descobriram que as mulheres que viviam muito próximas de uma grande estrada apresentavam um maior risco de desenvolver artrite reumatoide em comparação com aquelas que viviam mais longe”, conta o diretor do Iredo.

A artrite  está em ascensão entre as mulheres

A artrite  está em alta entre as mulheres americanas, pela primeira vez, em 40 anos, de acordo com um estudo de 2010 de pesquisadores da Clínica Mayo. Eles descobriram um aumento de 2,5% nas taxas de artrite reumatoide entre as mulheres, entre 1995 e 2007, enquanto as taxas entre os homens caíram durante esse período.

“Não está claro o porquê, mas os pesquisadores especulam que isso pode ser devido ao tabagismo (mulheres não deixam de fumar tão rapidamente quanto os homens); pílulas anticoncepcionais com baixa de estrógeno (o hormônio poderia ser protetor), e, possivelmente, mais deficiências de vitamina D”, diz o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti.

A história da artrite reumatoide é obscura

Nunca foi registrado um caso de artrite reumatoide em múmias e não há nenhuma evidência de que ela existia no Velho Mundo, antes de Cristóvão Colombo descobrir a América em 1492. “Isso sugere que a doença pode ser causada por um fator ambiental, mas isso nunca foi provado”, observa o reumatologista.

Depressão e artrite caminham juntas

“Isso provavelmente está relacionado com a dor da artrite reumatoide e o estresse associado a viver com uma doença crônica. Além disso, níveis elevados da proteína inflamatória do fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) no sangue são associados com a depressão, por isso é possível que a inflamação que provoca a artrite reumatoide também provoque a depressão”, explica Lanzotti.

A artrite  favorece o aparecimento de outras doenças autoimunes

“As pessoas com artrite reumatoide apresentam fatores de risco genéticos que as tornam suscetíveis a diversas doenças autoimunes. Doenças autoimunes da tireoide e síndrome de Sjögren são particularmente mais comuns em pessoas com artrite reumatoide”, afirma o médico.

Gravidez afeta os sintomas da artrite reumatoide

Algumas doenças autoimunes, incluindo a artrite reumatoide e o lúpus, apresentam uma melhora de seus sintomas durante a gravidez.

“A artrite, muitas vezes, entra em remissão durante a gravidez. Algumas estatísticas mostram que até 75% das mulheres com artrite reumatoide vai entrar em remissão a partir do segundo mês de gravidez. A gravidez pode fazer com que o sistema imunológico hiperativo se comporte de outra maneira, além de aumentar a produção de alguns hormônios que têm efeitos protetores durante a gestação”, explica o diretor do Iredo.

A artrite pode aumentar o risco de ataque cardíaco

“A artrite é um fator de risco independente para ataques cardíacos, mesmo quando o nível de colesterol do paciente é normal, a pressão arterial é baixa e o paciente não tem diabetes. Se a doença está ativa, o  risco de ataque cardíaco é triplicado. A inflamação sistêmica, que é uma característica da artrite reumatoide, é a provável culpada desse fato”, observa o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti.

Artrite e diabetes: uma relação complicada

A inflamação da artrite pode aumentar o risco de desenvolvimento de diabetes do Tipo 2. “Os corticosteroides utilizados para tratar a artrite podem também aumentar o risco de diabetes tipo 2 pelo aumento do nível de açúcar no sangue. A artrite reumatoide e o diabetes tipo 1, que também é uma desordem autoimune, compartilham também de alguns dos mesmos fatores de risco genéticos e marcadores de inflamação. A conexão entre artrite reumatoide e diabetes é muito complexa”, diz o reumatologista.

A artrite está ligada à doença pulmonar

Doenças pulmonares podem ser extremamente comuns em pacientes com artrite reumatoide. A doença pulmnar grave é menos comum, mas cerca de metade dos pacientes com artrite têm doença pulmonar subclínica. Devido à artrite, as vias aéreas podem se tornar inflamadas também e os medicamentos como bloqueadores de TNF podem aumentar o risco de tuberculose. A artrite reumatoide também pode duplicar o risco de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, DPOC.

“Fumar pode estar por trás do link entre a doença de pulmão e a artrite reumatoide. Pesquisadores estão estudando atualmente se a artrite reumatoide começa nos pulmões”, informa Lanzotti.

A artrite está vinculada à fibromialgia

“Cerca de 20-30% das pessoas com artrite também têm fibromialgia. A doença é uma desordem de dor generalizada marcada por pontos sensíveis ao longo do corpo, fadiga extrema, depressão e problemas cognitivos. Não está claro ainda porque as pessoas com artrite reumatoide estão em maior risco de desenvolver fibromialgia também”, conta o diretor do Iredo.

FONTE: ZERO HORA

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